The Iconomist Nº 6
The ICONOMIST Issue 6 se apresenta como um ensaio visual e textual que examina as cicatrizes de uma sociedade adoecida pelo capitalismo tardio. Inspirada nos textos seminais Junkspace, de Rem Koolhaas, e Infraordinário, de Georges Perec, esta edição não apenas observa, mas disseca espaços negligenciados, acúmulos de resíduos e os vestígios de um mundo colapsando sob o peso dos próprios excessos. Por meio de uma seleção curada de imagens que oscilam entre o documental e o interpretativo, o leitor é conduzido por cenários que vão do universo deslumbrante e hiperartificial do fast food — ou “junk food” — até aterros e lixões, onde o brilho do consumo é substituído pelo abandono.
Espaços comerciais abandonados e terrenos baldios emergem como símbolos silenciosos do fracasso da promessa de progresso infinito. As páginas também retratam a vulnerabilidade humana: casas destruídas por desastres naturais, catadores buscando o que resta e paisagens devastadas que denunciam a indiferença sistêmica frente ao meio ambiente e às populações marginalizadas. Entre os textos selecionados, autores como Anna Lowenhaupt Tsing, Jean-Paul Fargier, Stanley Brouwn, Byung-Chul Han, Walter de Maria, Siri Hustvedt, entre outros, ajudam a construir o arcabouço conceitual da edição. No jogo de combinações proposto, o conceito de “natureza-morta” é subvertido. Aqui, não se trata de representar a ordem silenciosa dos objetos inanimados, mas de revelar o caos urbano e a dessacralização do cotidiano. É uma natureza-morta que vive — e apodrece — em territórios contaminados pela ambição, desigualdade e negligência. Esta edição é um convite a ver o que é invisível ou incômodo demais para ser notado. Um retrato não apenas de um mundo em declínio, mas de uma civilização que insiste em ignorar os sinais do colapso enquanto se entrega aos excessos — até mesmo de imagens.
21x28cm, 58 páginas, brochura, inglês