Richard Mosse: Broken Spectre
A devastação na floresta amazônica e as alterações climáticas que ela desencadeia tendem a desenrolar-se de formas vastas para serem compreendidas, minúsculas para serem percebidas e normalizadas para serem vistas. Numa tentativa de representar a escala e a urgência do extenso e iminente colapso da Amazônia, o trabalho mais ambicioso de Richard Mosse até à data emprega uma gama deslumbrante de técnicas fotográficas.
Broken Spectre é um filme envolvente de 74 minutos que alterna entre uma variedade de narrativas ecológicas, da topográfica à antropocêntrica, e um exame cuidadoso da violência e da sobrevivência não-humana. Mosse e sua equipe passaram anos documentando diferentes frentes de destruição, degradação e crimes ambientais na Bacia Amazônica e nos ecossistemas relacionados.
À medida que as alterações climáticas continuam a definir a nossa era e o futuro do planeta, Mosse testemunha uma catástrofe que se desenrola rapidamente: estudos científicos recentes preveem que a Amazónia está perto de atingir um ponto de inflexão, altura em que já não será capaz de gerar chuva, provocando a morte em massa das florestas e a libertação de carbono a níveis devastadores, impactando as alterações climáticas, a biodiversidade e as comunidades locais e internacionais. Mosse mostra os dois lados humanos da tragédia: das comunidades indígenas Yanomami e Munduruku que lutam pela sobrevivência; aos garimpeiros ilegais que envenenam e destroem sistemas fluviais inteiros em troca de pequenos punhados de ouro; ao lado de vaqueiros brasileiros queimando deliberadamente seus arredores intocados para criar pastagens para o gado vender nos mercados internacionais de carne e couro.
Criado de 2018 a 2022, Broken Spectre foi publicado antes das importantes eleições gerais no Brasil, nas quais Jair Bolsanaro foi destituído da presidência. Bolsonaro e seu executivo dizimaram as agências de proteção ambiental do Brasil e abriram as comportas do desmatamento, acelerando exponencialmente a destruição da Amazônia. Caso Bolsonaro tivesse saído vitorioso em sua campanha de 2022, o destino da Amazônia poderia ter sido selado para sempre.
24,5x32cm, 440 páginas, brochura, inglês/português