Nala Sinephro: Space 1.8
Gravado quando ela tinha apenas 22 anos, o álbum de estreia de Nala Sinephro lança um feitiço potente, animando suas composições de harpa, guitarra e sintetizador modular com ritmos sólidos e metais. É um jazz que existe muito no presente, tão relacionado ao minimalismo surreal de Rune Grammofon e ECM quanto à bem-aventurança devocional de Alice Coltrane. Muito bom!
A artista baseada em Londres pode ser considerada, com justiça, uma prodígio. As faixas – numeradas de um a oito e todas chamadas simplesmente de 'Space' – parecem capítulos de um livro, cada uma parte de um todo vivo e pulsante. Elas podem apresentar novos sons ou contar com diferentes músicos convidados, mas a visão é de Sinephro, que canaliza seu interesse pela música eletrônica, bem como pelo jazz antigo e contemporâneo, em um disco complexo, físico e absorvente.
Fascinada pela espontaneidade e técnicas de gravação psicoacústica, ela se recusou a usar uma afinação ou BPM fixo, para manter o álbum o mais cru possível, e usou frequências emitidas por um buraco negro (um Bb 57 oitavas abaixo do Dó médio, caso tenha interesse) para orientar seu conceito. O título, portanto, é carregado de significado, falando tanto de seus interesses cósmicos quanto do processo de gravação, fazendo o álbum soar como uma meditação sobre os sons ao nosso redor e nossas concepções prévias sobre o jazz. No entanto, não é um álbum que se afunda em posturas experimentais; é um abraço acolhedor e tão solto e jubilante quanto a lenda da harpa dos anos 50, Dorothy Ashby.
Tudo vai se construindo lentamente e com cautela até a épica faixa final de 17 minutos, ‘Space 8’, onde todas as ideias e idiossincrasias composicionais de Sinephro são expostas. Uma mistura de romance melódico e deslumbramento cósmico, ela derrete cautelosamente de uma ambientação quente para uma psicodelia melancólica liderada pelos metais.
Genial e altamente recomendado!
WRP324
2021,2022 Reino Unido
LP, importado, novo, lacrado
