Lucien Johnson: Wax///Wane

Misterioso, com um toque retrô e cada vez mais hipnotizante, Wax///Wane é a obra do saxofonista e compositor neozelandês Lucien Johnson. O álbum é descrito como inspirado pela paisagem lunar dos céus do hemisfério sul – refletida na capa quase animada de Julien Dyne, que lembra o estilo de Neil Fujita – e, de certa forma, parece ser influenciado pelas produções de John e Alice Coltrane.

Essa conexão se dá, em parte, pela presença das improvisações abundantes de tenor de Johnson, à frente de um sexteto que inclui a iridescência em cascata da harpista Michelle Velvin, com o vibrafonista John Bell, o baixista Tom Callwood, o baterista Cory Champion e o percussionista Riki Piripi completando a formação. Em termos contemporâneos, o som pode ser comparado ao Gondwana Orchestra de Matthew Halsall, com grooves estabelecidos e explorados – mas há algo diferente em jogo aqui. Em primeiro lugar, o que surge é um efeito que imita o desgaste de fita de gravações analógicas, especialmente percebido através da cor sustentada da harpa e do vibrafone – e isso coloca de maneira inteligente os seis números originais de Johnson nos estúdios de antigamente. Em segundo lugar, embora o conjunto possa tocar de forma tranquila e expandir uma sequência relativamente simples, há momentos em que uma figura composta e luxuriante começa a avançar, com sua resolução antecipada; mas então ela recua de forma atraente, não resolvida, no fluxo geral.

Essa progressão pode ser ouvida na faixa de abertura, Magnificent Moon – talvez a mais evocativa e nostálgica de todas – sugerindo uma vista após o anoitecer sobre um lago cintilante e ondulante, onde a suavidade profunda de Johnson e suas notas mais altas e quebradas se tornam um deleite hipnótico, assim como a flexibilidade melódica do baixista. Possivelmente, o sexteto está conscientemente representando o tema do ciclo lunar do álbum, já que Dawn então interpreta os sons do despertar da natureza, em suaves matizes de luz do sol leitosa. Nesta aubade (canção matinal), os tons calmantes do tenor tornam-se cada vez mais atraentes, levando, imaginosamente, a uma clareira e ao início do revigorante Blue Rain (ou Train?). A aura de Coltrane é, de fato, especialmente pronunciada no momentum desta faixa, com bateria, percussão e harpa enfatizando sua celebração salpicante. O estilo saxofônico de Johnson pode ser animado, até mesmo levemente áspero, mas permanece inabalável ao longo das mudanças elegantes e elevadas dos acordes desses jazz ragas, cujas repetições fundamentais e padrões ocasionais que não se resolvem nunca se tornam cansativos.

Em Forest Rendezvous, uma dança vivaz e cintilante é invocada com algumas frases encantadoras, sendo uma sequência em particular semelhante às atmosferas líricas das canções de fácil audição dos anos 1960. As linhas fluídas de Johnson também reverenciam uma meditação central e iluminada pelo sol entre seus colegas. Rubicon, mais urgente, pode ser interpretada como uma passagem para o desconhecido – talvez o próximo projeto ou reencarnação da banda – com muito mais daquele tenor impetuosamente à procura. Para fechar, a oscilação aérea de Awa é iluminada por vibrafone e harpa, sustentada pelo baixo cantábile, enquanto Johnson perambula por diferentes centros tonais em sua exibição confiante, mas sem ostentação.

Wax///Wane é uma experiência sutilmente enigmática – como se precisássemos descobrir mais ou tivéssemos vagamente estado aqui em nossa juventude perdida, mas o espetáculo é observado através de um véu, não completamente tangível. Isso certamente contribui para seu magnetismo agradável.

DRNZ001
2022, Nova Zelândia
LP, importado, novo, lacrado