Ezio D'Agostino: NEOS
NEOS explora um novo ciclo de capitalização que tem se desenrolado praticamente sem ser notado por quase vinte anos. O trabalho foi inspirado pelo anúncio do governo de Luxemburgo sobre o SpaceResources, o primeiro programa espacial dedicado à mineração de asteroides e objetos próximos à Terra (NEOs), graças à colaboração entre o Grão-Ducado de Luxemburgo e várias empresas privadas apoiadas por grandes bancos de investimento. Logo após os Estados Unidos, Luxemburgo estabeleceu uma estrutura legal para permitir a apropriação de minerais no espaço sideral (atualmente sujeita a um tratado internacional de 1967 que impede a apropriação nacional desses recursos), tornando-se, assim, o principal centro de pesquisa e construção para a comercialização de matérias-primas extraídas do espaço.
A partir de vestígios, destroços e memórias, Ezio D’Agostino constrói aos poucos uma hipótese visual e política sobre as possíveis repercussões desse novo ciclo de extrativismo em nossos tempos de capitalismo tardio. Em um nível, essa arqueologia é uma análise visual do desenvolvimento de novos dispositivos de captura, mas, ao mesmo tempo, é uma prática que questiona o papel potencial da fotografia — não como retrato do que foi, mas dos gestos que estão em curso. Na porosidade de suas imagens, ressoa uma pergunta inexorável: como inscrever materialmente aquilo que não tem espaço?
O que vemos não é tanto um documento fotográfico, mas um ensaio visual, um experimento que explora a capacidade de materializar formas quase reais sem imagens; um projeto arqueológico em que o fragmento não é apenas uma ruína, mas uma semente que nos permite testar nossa compreensão de novas formações. [...]
— Trecho do texto de Andrea Lorena Soto Calderón
24x30cm, 72 páginas, brochura, inglês